Paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.”
(Kuhn, 1997)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ESPORTE E CIÊNCIA



O entendimento do esporte como fenômeno social e cultural do mundo dá-se como um fato construído. Seu valor na sociedade é justificado de diferentes formas, seja na prevenção de doenças, promoção de saúde, como meio de socialização, consciência comunitária, entretenimento e lazer, conduta ética, identidade e representação simbólica da nação, influência política, desenvolvimento de habilidades motoras e mentais, atuando como fato social positivo na vida da população. Essa atividade é muito complexa e influencia campos diversos - fruto do domínio tecnológico, da atividade profissional, do comércio e negócio, do artigo de consumo, da indústria de entretenimento, do empreendimento de saúde, da educação e da política devendo ser encarada como cultura e vida.
A atividade física sendo como sinônimo do esporte ganha adeptos todos os dias, não só no esporte-rendimento, mas também no esporte-educação e esporte-participação. Evidências científicas consistentes têm demonstrado a atividade física regular como sendo capaz de reduzir a incidência e/ou atuar como importante coadjuvante no tratamento de doenças de diversas etiologias. A população sendo inseridas no esporte, através de políticas públicas governamentais e privadas reconhecendo sua importância no cotidiano.
A reabilitação esportiva ganha cada vez mais espaço, uma vez que não se foca apenas ao esporte de elite, mas também a praticantes entusiastas das diversas modalidades esportivas. A prática de atividades físicas leva ao surgimento e predisposição de lesões específicas do esporte, com tratamentos e condutas diferentes que devem ser realizados por profissionais especializados, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e treinadores habilitados e preparados para a ciência do esporte. A realização de atividade física sem a adequada supervisão de profissionais da área da saúde é muito comum, o que acaba por levar à falta de cuidados durante o desenvolvimento daquelas e o aparecimento de um número mais elevado de lesões.
Com a comprovada importância da prática esportiva, essa atividade deve ser encarada de forma séria. A ciência do esporte, em amplo crescimento, deve ser fruto de estudos, pesquisas, discussões, aprendizagem e conhecimento; reconhecida como especialidade não menos importante do que áreas tradicionais da saúde. A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto inserida na Universidade de São Paulo como referência mundial e modelo não pode excluir a ciência do esporte de seu currículo e deve partir dela ações que divulguem, incentivem, propaguem e possibilitem conhecimento dessa especialidade.

Daninlo- LAMA- Em carta para a FMRP

domingo, 28 de agosto de 2011

IV SIMPÓSIO DE REABILITAÇÃO ESPORTIVA USP-RP

A Universidade de São Paulo, frente aos eventos mundiais que serão em breve sediados no Brasil (Copa do Mundo FIFA de Futebol e os Jogos Olímpicos) incentiva eventos científicos na área esportiva. O Simpósio de Reabilitação Esportiva (SRE) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, é um evento realizado bianualmente, promovido pela Associação Atlética V de Outubro (AAAVO) e já está em sua quarta edição.


O SRE ocorrerá nos dias 30 de Setembro, 1 e 2 de Outubro, no Espaço de Eventos do Bloco Didático da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e está programado para 300 participantes, entre alunos de graduação, pós-graduação e profissionais da área da saúde. O evento é destinado a estudantes e profissionais da área da saúde que buscam atualização e excelência técnica na área de reabilitação esportiva, ou seja, fisioterapeutas, médicos, educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e demais interessados.
O objetivo do evento é enriquecer a formação de profissionais da área da saúde, através de palestras e discussões nos âmbitos clínico e científico sobre os avanços nos campos da reabilitação esportiva, prevenção, aspectos biomecânicos de lesões esportivas e tratamentos cirúrgicos. Profissionais atuantes na área esportiva foram convidados, de diversos institutos e universidades do estado de São Paulo e do Brasil.

Confira a programação do SRE 2011 e mais informações no site oficial do evento: www.sre2011.com.br

PARTICIPEEEEM!!!!!!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

“O papel do alongamento nas disfunções do joelho”


   A lesão muscular ocorre quando o músculo não resiste a certa força ou tensão. Por muitos anos, o alongamento tem sido uma parte integral da ginástica, treinos e programas de reabilitação a fim de diminuir a rigidez muscular e aliviar a dor associada a ela (MALLIAROPOULOS et al, 2004).
   Muitas das disfunções do joelho são causadas por um pobre trabalho muscular, ou seja, uma musculatura que não auxilia na estabilização da articulação como deveria (CROSSLEY et al, 2002). A Dor Anterior no Joelho (DAJ) é um exemplo claro de disfunção, onde existe dor na região frontal do joelho e que se agrava com atividades que aumentam as forças compressivas na articulação (COPPACK et al, 2011). Pacientes com DAJ demonstram significantemente menor flexibilidade dos músculos gastrocnêmico, sóleo, quadríceps e isquiotibiais comparado a indivíduos saudáveis (PIVA, GOODNITE and CHILDS, 2005), e acredita-se que o aumento da flexibilidade promove melhor desempenho e reduz o risco de lesões durante os exercícios (CRAMER et al, 2004).
   O encurtamento do trato iliotibial/tensor da fáscia lata predispõe a DAJ, pois as suas fibras distais se inserem na faceta lateral da patela e, quando encurtadas, tracionam a patela lateralmente, aumentando o stress articular. Já o encurtamento dos ísquiostibiais pode ser fator agravante por sobrecarregar o quadríceps, que trabalha contra a resistência passiva da musculatura flexora, ou por causar uma leve flexão de joelho durante atividades, também resultando em aumento do stress (PIVA, GOODNITE and CHILDS, 2005).
   A tensão do músculo quadríceps durante a prática esportiva ou atividades diárias, gera altos estresses na articulação fêmoropatelar e predispõe paciente a DAJ. Esse achado induz que um programa de alongamento beneficiaria na prevenção e tratamento da DAJ por reduzir a dor e aumentar a flexibilidade muscular em pacientes com a disfunção, diminuindo a sobrecarga na articulação (WITVROUW et al. 2000).
   Nos programas de prevenção ou reabilitação, o alongamento é sugerido em associação ao exercício de fortalecimento (COPPACK et al, 2011) (CROSSLEY et al, 2002). Porém, Cramer et al (2004), mostrou que o alongamento antes do exercício pode comprometer a habilidade do músculo de produzir força máxima, uma vez que há menor ativação da musculatura devido à propriedades mecânicas intrínsecas do músculo ou ainda fatores neurais, logo, deve ser realizado após o exercício de fortalecimento.
  Crossley et al (2002), descreveu como alongamentos para DAJ a mobilização da patela associada a massagem profunda nos tecidos moles laterais, alongamento dos isquitiobiais na posição sentada e alongamento das estruturas anteriores do quadril (paciente em posição pronada, um lado do quadril rodado externamente, e quadril e joelho fletidos).

Vamos alongar galera!!!

ATENÇÃO, se você é mulher e sofre do dor no joelho ao subir e descer escadas, agachar, após muito tempo sentada, ou exercitar-se, Você pode sofrer da Síndrome da DOR FEMOROPATELAR (DOR ANTERIOR NO JOELHO). um grupo de pesquisadores do laboratorio LAPOMH   realiza um rabalho com esse tipo de paciente, no HC em RIBEIRAO PRETO e oferece tratamento GRATUITO.  Caso seja do seu interesse colaborar, entre em contato pelo e-mail: lelevillani@uol.com.br ou telefone (016) 8827-1708.




Coppack RJ, Etherington J, Wills AK. The Effects of Exercise for the Prevention of Overuse Anterior Knee Pain. Am J Sports Med. 2011;20(10):1-9.

Witvrouw E, Lysens R, Bellemans J, Cambier D, Vanderstraeten G. Intrinsic risk factors for development of anterior knee pain in an athletic population: a two-year prospective study. Am J Sports Med. 2000;28(4):480-498.

Crossley K, Bennell K, Green S, Cowan S, McConnell J. Physicaltherapy for patellofemoral pain: a randomized, double-blinded, placebo-controlled trial. Am J Sports Med. 2002;30(6):857-865.

Malliaropoulos N, Papalexandris S, Papalada A, and Papacostas E; The Role of Stretching in Rehabilitation of Hamstring Injuries: 80 Athletes Follow-Up . Med Sci Sports Exercise.2004; 36 (5):756-759.

Cramer JT, Housh JT, Weir JP, Johnson GO, Coburn JW, Beck TW. The acute effects of static stretching on peak torque, mean power, electromyography, and mechanomyography. Eur J Appl Physiol (2005) 93: 530–539.
Piva SR, Goodnite EA, Childs JD. Strength around the hip and flexibility of soft tissues in individuals with and without patellofemoral pain syndrome. J Orthop Sports Phys Ther. 2005 Dec;35(12):793-801.


por: Leticia Villani





quarta-feira, 3 de agosto de 2011

TRIADE DA MULHER ATLETA

 
A Tríade da Mulher Atleta
Cada vez mais o número de mulheres praticantes de atividade física, seja ela de caráter profissional ou recreacional, vem aumentando.
Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, o primeiro registro de uma mulher brasileira a participar dos Jogos Olímpicos de verão foi em 1932, em Los Angeles. Esta, a nadadora Maria Lenk, que aos 17 anos, foi a primeira sul-americana a participar de uma competição Olímpica, competindo três provas: 100m livre, 100m costas e 200m peito.
Com o crescente interesse da mulher em relação a pratica esportiva profissional, nos jogos Olímpicos de Pequim, no ano de 2008, 133 mulheres competiram representando o Brasil. Dentre as quais, muitas modalidades obtiveram medalha ( ouro, prata e bronze).
Muitas atletas buscam a qualquer custo a melhora da performance ou da forma física, ocasionando em problemas de saúde. Esta busca leva muitas vezes, a chamada Triade da mulher atleta, que segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva, é caracterizada pela inter-relação entre disponibilidade de energia, a função menstrual, e a densidade mineral óssea, que pode acarretar em manifestações clínicas, tais como distúrbios alimentares, amenorréia hipotalâmica funcional e osteoporose.
Diferente do que muitos pensam, esta tríade por acometer jovens atletas ou até mesmo atletas não profissionais, em qualquer idade.
O ciclo menstrual normal ocorre com a liberação de certos hormonios. A amenorréia primária (retardo da menarca) é a ausência de menstruação em uma menina de 16 anos com caracteres sexuais secundários(3). A amenorréia secundária comumente ocorre associada a perda de peso e ao treinamento físico intenso; o distúrbio na mulher atleta já é reconhecido como amenorréia de causa hipotalâmica (4). Alguns crêem erroneamente que a amenorréia é um indicador de uma intensidade adequada de treinamento e não um sintoma que requeira atenção médica(3). Dados mostram que a prevalencia da amenorreira em atletas é de 1- 44%(1)
Após vários estudos, mudou-se o conceito de que a amenorréia da atleta era um fenômeno benigno, e passou a tornar-se causa de perda óssea prematura(4).
Sabe-se que o hipoestrogenismo está relacionado à osteoporose pós menopausa. Assim, a amenorréia hipotalâmica associada à Triade da mulher atleta também pode levar à osteoporose prematura. Segundo Pardini(2001), baixo peso e má nutrição são fatores importantes na determinação do início da desmineralização na presença de amenorréia.
A prevalência de osteopenia e osteoporose, entre atletas do sexo feminino é baixo, mas uma série de estudos relataram uma diminuição significativa na densidade mineral óssea vertebral entre os jovens atletas do sexo feminino com disfunção menstrual (2).
Além de todos os fatores acima, muitas atletas passam a ingerir quantidades insuficientes de calorias, favorecendo ou facilitando outros distúrbios.
Faz- se importante não só a atenção aos possíveis sinais da Triade, para um diagnóstico e tratamento precoce, mas a prevenção,  evitando-se, assim, problemas futuros.


REFERÊNCIAS
1.      Birch, K. Female athlete triad. BMJ. 2005 January 29; 330(7485): 244–246
2.       Borgen, J.S ; Torstveit, M. K. The female football player, disordered eating, menstrual function and bone health. Br J Sports Med. 2007August; 41(Suppl 1): i68–i72
3.       The Female Athlete Triad. American College of Sports Medicine. 2007. Link: http://www.acsm.org/AM/Template.cfm?Section=Home_Page&CONTENTID=8805&SECTION=Media_Referral_Network&TEMPLATE=/CM/ContentDisplay.cfm
4.      Pardini, D. P. Alterações Hormonais da Mulher Atleta. Arq Bras Endocrinol Metab vol.45 no.4 São Paulo Aug. 2001
Escrito por Alessandra V.P.Boratino