Paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.”
(Kuhn, 1997)

sábado, 20 de outubro de 2012

Triade da Mulher Atleta

A TRÍADE DA MULHER ATLETA
Cada vez mais o número de mulheres praticantes de atividade física, seja ela de caráter profissional ou recreacional, vem aumentando.
Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, o primeiro registro de uma mulher brasileira a participar dos Jogos Olímpicos de verão foi em 1932, em Los Angeles. Esta, a nadadora Maria Lenk, que aos 17 anos, foi a primeira sul-americana a participar de uma competição Olímpica, competindo três provas: 100m livre, 100m costas e 200m peito.
Com o crescente interesse da mulher em relação a pratica esportiva profissional, nos jogos Olímpicos de Pequim, no ano de 2008, 133 mulheres competiram representando o Brasil. Dentre as quais, muitas modalidades obtiveram medalha ( ouro, prata e bronze).

Muitas atletas buscam a qualquer custo a melhora da performance ou da forma física, ocasionando em problemas de saúde. Esta busca leva muitas vezes, a chamada Triade da mulher atleta, que segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva, é caracterizada pela inter-relação entre disponibilidade de energia, a função menstrual, e a densidade mineral óssea, que pode acarretar em manifestações clínicas, tais como distúrbios alimentares, amenorréia hipotalâmica funcional e osteoporose.
Diferente do que muitos pensam, esta tríade por acometer jovens atletas ou até mesmo atletas não profissionais, em qualquer idade.
O ciclo menstrual normal ocorre com a liberação de certos hormonios. A amenorréia primária (retardo da menarca) é a ausência de menstruação em uma menina de 16 anos com caracteres sexuais secundários(3). A amenorréia secundária comumente ocorre associada a perda de peso e ao treinamento físico intenso; o distúrbio na mulher atleta já é reconhecido como amenorréia de causa hipotalâmica (4). Alguns crêem erroneamente que a amenorréia é um indicador de uma intensidade adequada de treinamento e não um sintoma que requeira atenção médica(3). Dados mostram que a prevalencia da amenorreira em atletas é de 1- 44%(1)
Após vários estudos, mudou-se o conceito de que a amenorréia da atleta era um fenômeno benigno, e passou a tornar-se causa de perda óssea prematura(4).
Sabe-se que o hipoestrogenismo está relacionado à osteoporose pós menopausa. Assim, a amenorréia hipotalâmica associada à Triade da mulher atleta também pode levar à osteoporose prematura. Segundo Pardini(2001), baixo peso e má nutrição são fatores importantes na determinação do início da desmineralização na presença de amenorréia.
A prevalência de osteopenia e osteoporose, entre atletas do sexo feminino é baixo, mas uma série de estudos relataram uma diminuição significativa na densidade mineral óssea vertebral entre os jovens atletas do sexo feminino com disfunção menstrual (2).
Além de todos os fatores acima, muitas atletas passam a ingerir quantidades insuficientes de calorias, favorecendo ou facilitando outros disturbios.
Portanto é importante não só a atenção aos possíveis sinais da Triade, para um diagnostico e tratamento precoce, mas a prevenção,  evitando-se, assim, problemas futuros.



REFERENCIAS
1.      Birch, K. Female athlete triad. BMJ. 2005 January 29; 330(7485): 244–246
2.       Borgen, J.S ; Torstveit, M. K. The female football player, disordered eating, menstrual function and bone health. Br J Sports Med. 2007August; 41(Suppl 1): i68–i72
3.       The Female Athlete Triad. American College of Sports Medicine. 2007. Link: http://www.acsm.org/AM/Template.cfm?Section=Home_Page&CONTENTID=8805&SECTION=Media_Referral_Network&TEMPLATE=/CM/ContentDisplay.cfm
4.      Pardini, D. P. Alterações Hormonais da Mulher Atleta. Arq Bras Endocrinol Metab vol.45 no.4 São Paulo Aug. 2001

terça-feira, 16 de outubro de 2012




Dry Needling no tratamento de Pontos Gatilhos



Dry Needling, também conhecido como “Agulhamento a Seco”, é uma técnica que consiste em inserir uma agulha de Acupuntura Sistêmica diretamente em um ponto gatilho a fim de desativá-lo. É importante esclarecer que essa técnica não é um ramo da Acupuntura, proveniente da Medicina Chinesa, já que a sua aplicação não visa o reequilíbrio energético dos meridianos, e sim, a liberação do ponto doloroso.

                    


No momento em que a agulha atinge a pele, ocorre uma ativação das fibras Aδ (delta) e, consequentemente, uma inibição das fibras C, as quais estão relacionadas ao estímulo doloroso do ponto gatilho (1). Um estudo mostra que o tratamento é mais efetivo quando ocorrem contrações (espasmos) locais para, posteriormente, promover um relaxamento da banda tensa devido à quebra do ciclo de contração (2).
                         
Em um estudo mais antigo Garvey et al (1989) consideraram  o agulhamento a seco equivalente à anestesia local, corticosteroides e “spray” para o tratamento de dor lombar (3). Indivíduos com cefaleia tensional tratados com agulhamento a seco tiveram melhora da dor e da amplitude de movimento cervical, quando comparados com indivíduos que receberam agulhamento placebo (subcutâneo) (4).

Estudos mostraram que os pontos gatilhos podem gerar fraqueza, diminuição da amplitude de movimento, dor referida e consequente limitação funcional, o que em um cenário esportivo pode representar um afastamento do atleta e grande prejuízo para a equipe.

Um artigo de revisão concluiu que o agulhamento a seco não é uma boa alternativa para tratamento de dores crônicas, mas que é o tratamento de escolha para atletas com dores bem localizadas e relacionadas aos pontos gatilhos (5). Outro estudo com atletas de elite de voleibol mostrou que o uso da técnica promoveu a redução da dor e a melhora da função do ombro em curto prazo (6).



Embora essa técnica se mostre eficaz em alguns estudos, há pouca evidência quando comparada às outras abordagens terapêuticas, inclusive com placebo. Independente da forma de tratamento do ponto gatilho é importante identificar e orientar o paciente em relação aos fatores predisponentes (5).

Uma crítica em relação ao curso de Dry Needling é em relação à carga horária e inexperiência para realizar um agulhamento profundo. O curso pode ser ministrado em um final de semana com duração de 20 horas/aula, diferentemente da Acupuntura, com um curso de dois anos de duração. Recomenda-se que o interessado faça o curso de Acupuntura e, posteriormente, o curso de Dry Needling, garantindo maior experiência e segurança tanto para o paciente, quanto para o terapeuta.

O vídeo mostra a aplicação das agulhas nos pontos dolorosos.





Referências: 

1. Baldry P. Superficial dry needling at myofascial trigger point sites. J Musculoskele Pain 1995;3(3):117-26.


2. Hong CZ. Lidocaine injection versus dry needling to myofascial trigger point. The importance of the local
twitch response. Am J Phys Med Rehabil 1994;73: 256–63.

3. Garvey, T.A., Marks, M.R., Wiesel, S.W., 1989. A prospective, randomised, double blind evaluation of trigger point therapy for lower back pain. Spine 14, 962 –964.

4. Karakurum, B., Karaalin, O., Coskun, O., Dora, B., Ucler, S., Inan, L., 2001. The dry needle technique: intramuscular stimulation in tensiontype headache. Cephalalgia 21, 813–817.

5. Huguenin LK. Myofascial trigger points: the current evidence. Physical Therapy in Sport 5 (2004) 2–1.

6. Osborne NJ, Gatt IT. Management of shoulder injuries using dry needling in elite volleybo players. Acupunct Med 2010;28:42-45.



Postado por Ana Carolina G. Semedo